segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A psicologia e a obesidade



         Para entendermos o trabalho do psicólogo em relação à obesidade, primeiro temos que saber o real significado da palavra. Obesidade significa excesso de gordura no organismo. O índice mais utilizado para avaliar a quantidade de gordura no corpo é chamado Índice de Massa Corporal (IMC), que se obtém dividindo o peso do indivíduo (em Kg) pela altura ao quadrado (ou altura x altura) em metros. Obtém-se assim um número seguido de Kg/m2 que deve ser interpretado da seguinte maneira:

IMC ( kg/m2)
Grau de Risco
Tipo de obesidade
18 a 24,9
Peso saudável
Ausente
25 a 29,9
Moderado
Sobrepeso ( Pré-Obesidade )
30 a 34,9
Alto
Obesidade Grau I
35 a 39,9
Muito Alto
Obesidade Grau II
40 ou mais
Extremo
Obesidade Grau III ("Mórbida")


QUAIS SÃO AS CAUSAS DA OBESIDADE?
A obesidade é resultado da conjugação de vários fatores, tais como genéticos, familiares, ambientais, psicológicos, comportamentais, etc. Pode ser causada por um desequilíbrio entre as calorias que são consumidas sob a forma de alimentos e as calorias que são gastas pelo indivíduo para o organismo funcionar, mesmo em repouso, realizar as atividades físicas e digerir os alimentos consumidos.

OBESIDADE COMO FATOR DE RISCO 




 
A obesidade é responsável pelo aparecimento de doenças e distúrbios. Dentre os distúrbios podemos citar os transtornos alimentares, que podem levar o paciente a óbito se não forem tratados de forma correta e rapidamente.





TRANSTORNOS ALIMENTARES

ANOREXIA NERVOSA

Anorexia nervosa é um transtorno alimentar no qual a busca implacável por magreza leva a pessoa a recorrer a estratégias para perda de peso, ocasionando importante emagrecimento. As pessoas anoréxicas apresentam um medo intenso de engordar mesmo estando extremamente magras. Em 90% dos casos, acomete mulheres adolescentes e adultas jovens, na faixa de 12 a 20 anos. É uma doença com riscos clínicos, podendo levar à morte por desnutrição.
Características:
  • Perda de peso em um curto espaço de tempo.
  • Alimentação e preocupação com peso corporal tornam-se obsessões
  • Crença de que se está gordo mesmo estando excessivamente magro
  • Parada do ciclo menstrual (amenorreia)
  • Interesse exagerado por conhecer sobre alimentos
  • Vômitos induzidos e laxantes
  • Depressão, ansiedade e irritabilidade
  • Exercícios físicos em excesso
  • Progressivo isolamento da família e amigos
  • Alterações neurológicas devido à falta de alimentos
Causas da Anorexia nervosa:
Não existe uma única causa para explicar o desenvolvimento da anorexia nervosa. Essa síndrome é considerada ‘multideterminada’ por uma mescla de fatores biológicos, psicológicos, familiares e culturais. Alguns estudos chamam atenção que a extrema valorização da magreza e o preconceito com a gordura nas sociedades ocidentais estaria fortemente associada à ocorrência desses quadros.
Como se trata?
O tratamento deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar formada por psiquiatra, psicólogo, clínico e nutricionista, em função da complexa interação de problemas emocionais e fisiológicos nos transtornos alimentares.
Como se previne?
Uma diminuição da pressão cultural e familiar com relação à valorização de aspectos físicos, forma corporal e beleza pode eventualmente reduzir a incidência desses quadros.
É fundamental fornecer informações a respeito dos riscos dos regimes rigorosos para obtenção de uma silhueta "ideal", pois eles têm um papel decisivo no desencadeamento dos transtornos alimentares.

BULIMIA NERVOSA

Na bulimia nervosa as pessoas ingerem grandes quantidades de alimentos (episódios de comer compulsivo ou episódios bulímicos) e depois utilizam métodos compensatórios, tais como: vômitos auto-induzidos, uso de laxantes e/ou diuréticos e prática de exercícios extenuantes como forma de evitar o ganho de peso pelo medo exagerado de engordar. Diferentemente da anorexia nervosa, na bulimia não há perda de peso, e assim médicos e familiares têm dificuldade de detectar o problema. A doença ocorre mais freqüentemente em mulheres jovens, embora possa ocorrer mais raramente em homens e mulheres com mais idade.
Características:
  • Ingestão compulsiva e exagerada de alimentos
  • Vômitos auto induzidos, uso de laxantes e diuréticos para evitar ganho de peso
  • Alimentação excessiva sem aumento proporcional do peso corporal
  • Depressão
  • Obsessão por exercícios físicos
  • Comer em segrego ou escondido dos outros
Causas:
Assim como na anorexia, a bulimia nervosa é uma síndrome multideterminada por uma mescla de fatores biológicos, psicológicos, familiares e culturais. A ênfase cultural na aparência física pode ter um papel importante. Problemas familiares, baixa autoestima e conflitos de identidade também são fatores envolvidos no desencadeamento desses quadros.
Como se trata?
A abordagem multidisciplinar é a mais adequada no tratamento da bulimia nervosa e inclui psicoterapia individual ou em grupo, farmacoterapia e abordagem nutricional a nível ambulatorial. A orientação e/ou terapia familiar faz-se necessária uma vez que a família desempenha um papel muito importante na recuperação de paciente.
Como se previne?
Uma diminuição na ênfase na aparência física tanto cultural como familiar pode eventualmente reduzir a incidência desses quadros. É importante fornecer informações a respeito dos riscos de regimes rigorosos para obtenção de uma silhueta "ideal", já que eles desempenham um papel fundamental no desencadeamento dos transtornos alimentares.

COMPULSÃO ALIMENTAR

O transtorno do comer compulsivo vem sendo reconhecido nos últimos anos como uma síndrome caracterizada por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de alimentos. Porém, diferentemente da bulimia nervosa, essas pessoas não tentam evitar ganho de peso com os métodos compensatórios. Os episódios vêm acompanhados de uma sensação de falta de controle sobre o ato de comer, sentimentos de culpa e de vergonha. Muitas pessoas com essa síndrome são obesas, apresentando uma história de variação de peso, pois a comida é usada para lidar com problemas psicológicos. O transtorno do comer compulsivo é encontrado em cerca de 2 % da população em geral, mais freqüentemente acometendo mulheres entre 20 e 30 anos de idade.
Características:
  • Episódios de ingestão exagerada de alimentos
  • Comer mesmo sem ter fome
  • Sensação de incapacidade de parar de comer voluntariamente
  • Flutuação do peso
  • Humor deprimido
  • Baixa autoestima
  • Comer para lidar com problemas emocionais
Causas:
As causas deste transtorno são desconhecidas. Em torno de 50% das pessoas têm uma história de depressão. Se a depressão é causa ou efeito do transtorno, ainda não está bem claro. Muitas pessoas relatam que a raiva, a tristeza, o tédio, a ansiedade e outros sentimentos negativos podem desencadear os episódios de comilança. Embora ainda não esteja claro o papel das dietas nestes quadros, sabe-se que, em muitos casos, os regimes excessivamente restritivos podem piorar ou desencadear o transtorno.
Como se trata?
O seu tratamento exige uma abordagem multidisciplinar que inclui um psiquiatra, um endocrinologista, uma nutricionista e um psicólogo. O acompanhamento clínico faz-se necessário pelos riscos clínicos da obesidade. As medicações antidepressivas têm se mostrado eficazes para diminuir os episódios de compulsão alimentar e os sintomas depressivos.

OUTROS TRANSTORNOS ALIMENTARES

1 - SÍNDROME DO GOURMET
As pessoas que sofrem dessa síndrome vivem preocupadas (mais que o normal) com a preparação, compra, apresentação e ingestão de pratos especiais, diferentes e e/ou exóticos. Podem continuar com esse tipo de preocupação e atividade, muito embora tenham perdido o interesse nas suas relações sociais, familiares e ocupacionais. Acredita-se que tal alteração possa ser conseqüência de lesões ou alterações funcionais no hemisfério cerebral direito, tais como tumores, traumatismos, hemiplegia, etc.

2 - TRANSTORNO ALIMENTAR NOTURNO
É grande a incidência - de 1 a 3% da população – das pessoas que se levantam a comer pela noite, ainda que continuem dormidos. Em grande número das vezes essas pessoas não são conscientes do que fazem e não se lembram de nada ao despertar. Quando lhes contam o que fizeram, negam contundentemente. A despeito desses "assaltos" noturnos à cozinha, a maioria desses pacientes faz regime durante o dia. Também ocorrem em alcoolistas, drogadictos e pessoas com transtornos do sono. Normalmente a Síndrome do Comer Noturno não é uma patologia única, mas sim uma combinação de um transtorno alimentar, um transtorno do sono e um transtorno do humor. Embora não exista um tratamento específico, alguns medicamentos podem ser utilizados para ajudar no controle do comer noturno e nos sintomas depressivos que podem estar presentes.

3 - PICA
As pessoas com este transtorno se sentem impulsionadas a ingerir sustâncias não comestíveis: sabonete, argila, gesso, casquinhas de pintura, alumínio, cera, tijolo, etc. Trata-se de uma condição rara onde existe apetite por coisas ou substâncias não alimentares, como por exemplo, terra, moedas, carvão, sabonete, giz, tecido, etc. ou uma vontade anormal de ingerir produtos considerados ingredientes de alimentos, como diferentes tipos de farinha,  batatas cruas, milho, mandioca, etc. Para o diagnóstico de Pica esse fenômeno precisa persistir pelo menos por um mês. O nome pica vem do latim e significa pega, um pássaro do hemisfério norte renomado por comer quase de tudo que encontrar por sua frente. Pica pode ser observada em todas as idades, mas em particular em mulheres grávidas e em crianças, especialmente naquelas que sofrem dificuldades em seu desenvolvimento infantil normal.

4 - SÍNDROME DE PRADER-WILLY
A Síndrome de Prader-Willi é um defeito que pode afetar as crianças independentemente do sexo, raça ou condição social, de natureza genética e que inclui baixa estatura, retardo mental ou transtornos de aprendizagem, desenvolvimento sexual incompleto, problemas de comportamento característicos, baixo tono muscular e uma necessidade involuntária de comer constantemente, a qual, unida a uma necessidade de calorias reduzida, leva invariavelmente à obesidade. Essa Síndrome deve seu nome aos doutores A. Prader, H. Willi e A. Labhart que, em 1956, descreveram pela primeira vez suas características. Acredita-se que haja um bebê com a síndrome para cada 10.000-15.000 nascimentos. É um problema congênito associado à um tipo de retrardo mental. Essas pessoas não têm controle ao aceso à comida, comem sem parar até que acabam morrendo. Parece estar relacionado com um mau funcionamento do hipotálamo. A fluoxetina ajuda controlar o problema que, de momento, não tem cura.

PSICOTERAPIA E EMAGRECIMENTO

Dietas, dietas, dietas... algumas funcionam, mas sem um controle emocional funcionam por um tempo e logo em seguida a grande frustração: meses e meses de sacrifício vão embora após uma semana estressante em que você devorou tudo a sua frente. Normalmente tais situações acontecem depois de algo que possa nos ter provocado raiva, ciúme e até mesmo uma alegria excessiva. Tudo bem, comer um pouco a mais num dia é perdoável, mas se você compensa todos os seus sentimentos  de tristeza, angústia, desapoio e perdas vai acabar assim mesmo: gordinho (a). Precisamos conhecer o que nos leva a agir de determinadas formas, e a psicoterapia é a ferramenta fundamental para que isso aconteça. A psicoterapia vai fazer você enxergar todos os sentimentos negativos dos quais você sempre quis fugir (e que compensa com a alimentação). Dessa forma, a briga com a balança deixará de existir e você alcançará os ingredientes necessários para uma vida significativa e plena de alegrias.

OBESIDADE E FATORES EMOCIONAIS

São vários os problemas emocionais que podem levar ao aumento de peso ou a impedir que ela emagreça:
  • Depressão: afeta a pessoa como um todo. Pessoas que estão deprimidas tem, entre outras, uma alteração no comportamento alimentar para mais (ou para menos) que pode levá-las a engordar. Há queda da motivação para a dieta, auto-depreciação, pessimismo.
  • Ansiedade: é o "vilão" número um das dietas alimentares. Pessoas tensas, excessivamente preocupadas, com pânico, com medos diversos, podem encontrar no alimento uma fuga para seus males, para um estado interno de desconforto.
  • Dificuldades sexuais, conjugais ou afetivas: A gordura pode servir como "escudo" para evitar relacionamentos, não assumir a própria sexualidade ou mesmo como forma de "rebelião passiva" a situações conjugais conflituosas.
  • Stress: É comprovado que o stress tem influência sobre o peso corporal, seja pelo aumento do cortisol circulante ou pelo aumento da quantidade de comida ingerida, que passa a atuar inadequadamente como "mecanismo anti-stress".
  • Dificuldade de controle de impulsos: pessoas impulsivas que não conseguem adiar a gratificação imediata de um impulso em detrimento a uma gratificação a médio prazo, são mais vulneráveis a uma "sabotagem" em sua dieta.
  • Problemas de relacionamento: dificuldades de relacionamento familiar, social (timidez excessiva, agressividade social, baixa qualidade de vida social) podem levar a pessoa a atacar o prato de comida.
 
O PAPEL DO PSICÓLOGO NA AVALIAÇÃO DE CIRURGIA BARIATRICA
           
            A demanda por cirurgias de redução de estômago virou tão corriqueira quanto retirar um apêndice. Embora a técnica médica já esteja dominada, há riscos para os pacientes, só que de outra ordem: a psicológica. Tanto que o Conselho Federal de Medicina baixou uma Resolução que exige do médico a avaliação multidisciplinar do quadro clínico geral do paciente antes de realizar a operação. Os psicólogos precisam acompanhar os pacientes e elaborar um laudo que ateste sua plena convicção de que deseja sofrer uma intervenção cirúrgica radical e permanente. A solicitação de pareceres e laudos psicológicos que comprovem a necessidade de tais intervenções e a segurança do procedimento é indispensável. Os laudos avaliam se o individuo está saudável psiquicamente para enfrentar as mudanças que vai vivenciar como resultado de sua escolha. O laudo é necessário também para autorizar a operação inclusive em hospitais públicos. Na cirurgia bariátrica, a chamada redução do estômago, o trabalho do psicólogo é importante sob dois aspectos: se as causas que levaram à obesidade não forem tratadas, a cirurgia bariátrica não será solução e o problema pode migrar para outras escolhas. Dentro desse contexto, o laudo do profissional pode restringir a cirurgia e sugerir um trabalho psicoterápico. O segundo aspecto refere-se à necessidade de verificar a estrutura emocional do paciente para lidar com as mudanças produzidas pela cirurgia.

7 INGREDIENTES PSICOLÓGICOS PARA SEU EMAGRECIMENTO

1- Abandone por completo o sentimento de auto-piedade
     Deixe a peninha de lado. Se você decidiu, está decidido. Não faça comparações com você e outra pessoa qualquer. Você é única, portanto seu organismo não é igual ao de ninguém. Suas necessidades e prioridades são apenas suas.

2- Não encare este momento como um castigo
    Geralmente toda dieta, por ter suas restrições alimentares, é encarada como uma punição. Encare este período como uma fase de ‘limpeza orgânica’.  Portanto, alguns alimentos não são bem vindos.
3- Acredite que é um período, uma fase
    Todo e qualquer projeto tem um início, meio e fim. Portanto, não é eterno. Nada é eterno, até que se tenha programado.

4- Estabeleça metas a curto prazo
    Para que se consiga chegar ao objetivo, estabeleça algumas metas quanto aos quilos a serem eliminados. Pese-se uma vez por semana e comemore cada obstáculo vencido. Seja fiel aos seus propósitos e vá atrás dos seus limites. Desafie-se.

5- Assuma um compromisso com você
    A partir do momento em que decidiu pelo emagrecimento, você está assumindo um compromisso com você e não uma promessa. O vencedor assume compromissos e o perdedor faz promessas.

6- Vibre com suas conquistas
    Por menor que seja como, por exemplo, resistir a um doce, uma colherada a mais, ou um pequeno gole. A sensação de vitória é inegável. Você será invadido por uma incrível sensação de prazer.

7- Acredite em você
    Seja capaz de tudo, desde que acredite no que quer e, principalmente, em você. Creia na capacidade de realização e plenitude que você próprio pode oferecer.