Uma das maiores indagações do ser humano é sobre a morte. Em todos o debates sobre a vida é inevitável pensar sobre a morte. Quando falamos sobre a vida, temos que pensar sobre a morte. Todos os seres vivos enfrentarão a morte um dia.
Na Bíblia a palavra morte aparece pela primeira vez
em Gênesis 2:17, quando Deus adverte ao homem sobre não comer da árvore do bem
e do mal. Talvez este seja o registro mais antigo desta experiência tão
complicada da vida.
A palavra original Hebraica que aparece na Bíblia
quer dizer “separação”. Esta é a palavra fundamental para designar morte. É
separação da parte imaterial do corpo e é separação do homem de Deus, segundo o
contexto Bíblico.
A morte é um absoluto mistério, pois ninguém voltou
“do além” para contar como é, apenas conhecemos o que se denomina como
“experiências próximas a morte”. A única coisa de que realmente temos certeza é
que é absolutamente certo que vamos morrer, e que é absolutamente incerto
quando e como isso vai acontecer. (La Muerte, un Amañecer, Elisabeth
Kübler-Ross).
A
morte é um processo natural, universal e inevitável. Contudo nós humanos não
estamos preparados para enfrentar a finitude da vida. Falar em morte ou saber
que alguém de quem gostamos morreu, é sempre difícil, por envolver uma série de
emoções e sentimentos, independente da idade que se tenha. A dor e a tristeza
são aspectos comuns neste processo. Atualmente, a morte é um fenômeno pouco
discutido, e adiado. No entanto, apesar de ser considerada um acontecimento
natural, é aceitável somente na velhice. Por outro lado, se a morte ocorre
antes dessa fase, ela é tida como fracasso que vem interromper projetos de
vida. Assim, frente às necessidades da modernidade tendemos a fugir do
sofrimento causado pelo luto, e somos estimulados a seguir em frente, sem nos
darmos conta de como estamos vivendo. Este comportamento de negligenciar nossas
emoções pode desencadear posteriormente doenças psicossomáticas decorrentes da má
elaboração desse processo, como por exemplo, a depressão.
A palavra morte traz consigo muitos atributos e
associações: dor, ruptura, interrupção, desconhecimento, tristeza. Designa o
fim absoluto de um ser humano, de um animal, de uma planta, de uma idéia que
"chegada ao topo da montanha, admira-se ante a paisagem, mas compreende
ser obrigatória a descida". Numa posição antagônica, a morte coexiste com
a vida, o que não a impede de ser angustiante, incutir medo e, ao mesmo tempo,
ser musa inspiradora de filósofos, poetas e psicólogos.
Para o psicólogo, especificamente, o tema da
morte passou a fazer parte do seu cotidiano profissional não só nos hospitais,
como em outros campos de trabalho. Por exemplo: há a necessidade de
abordar o tema da morte quando os alunos falam sobre a morte do avô ou animal
de estimação, entre as situações. No contexto organizacional, o psicólogo pode
deparar-se em várias situações de “morte”, como por exemplo, o falecimento de
colegas, acidentes variados, e suicídio que necessitam de uma intervenção
psicológica. Na prática clínica, essas situações são ainda mais comuns, em que
esses profissionais precisam estar atentos a sinais que indicam o inicio de
processos mórbidos e de autodestruição, podendo comparecer tentativas de
suicídio e hábitos de risco (como consumo de álcool e drogas) além de intervir
nos processos de enlutamento, perdas ou separações de pessoas significativas. O
trabalho com idosos é outra modalidade de ação para o psicólogo e como esse
grupo se caracteriza por estar cronologicamente mais próximo da morte física,
falar sobre a morte é demanda frequente.
Poética
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Vinícius
de Moraes
Significados:
Pesar
: é um complexo de pensamentos e sentimentos sobre a perda, que são
vivenciados internamente. Em outras palavras, é o significado interno dado à
experiência do luto.
Luto: é o pesar tornado público, quando você se apodera desses sentimentos e pensamentos e os expressa e compartilha com os que o cercam. Chorar, falar sobre a pessoa que morreu ou celebrar datas especiais são apenas alguns exemplos. Mesmo que esta expressão se dê sem a presença de outras pessoas, também pode ser entendida como uma forma saudável de luto.
Luto: é o pesar tornado público, quando você se apodera desses sentimentos e pensamentos e os expressa e compartilha com os que o cercam. Chorar, falar sobre a pessoa que morreu ou celebrar datas especiais são apenas alguns exemplos. Mesmo que esta expressão se dê sem a presença de outras pessoas, também pode ser entendida como uma forma saudável de luto.
Fases na vivência do pesar e do luto
O conceito de fases foi popularizado com a primeira publicação, em 1969, do livro ´Sobre a Morte e o Morrer´, de Elizabeth Kubler-Ross, sem dúvida um marco na literatura sobre o assunto. No entanto, ela jamais desejou que as pessoas passassem a interpretar literalmente sua descrição de fases do morrer, como foi feito, com conseqüências desastrosas para a compreensão do processo.
A pessoa enlutada com frequência encontra outras, na mesma situação, que adotaram um sistema de crenças rígido sobre o que deve ser experimentado nessa jornada ao longo do luto. Essas crenças podem afetar profundamente o processo individual natural. Podemos encontrar respostas de desorganização, medo, culpa, mas também podemos não encontrá-las. As emoções podem seguir-se umas às outras com intervalos curtos ou até mesmo duas ou mais emoções podem estar presentes ao mesmo tempo.
Devemos evitar o luto em lugar de enfrentá-lo?
Uma pergunta que as pessoas sempre fazem é sobre quanto tempo dura um luto. Esta é uma pergunta diretamente relacionada à impaciência que nossa cultura tem com o pesar e o desejo de sair logo da experiência do luto. Um exemplo disso é a pressão que o enlutado sofre, logo após a perda, para voltar à atividade normal. Aqueles que permanecem expressando tristeza por um tempo prolongado são considerados fracos, loucos. A mensagem sutil é "seja forte, não se deixe abater". O luto passa a ser visto como uma coisa a ser evitada e não, que precisa ser vivida. E o enlutado passa a apresentar um comportamento socialmente aceitável, que, porém, contraria a sua necessidade psicológica. Mascarar ou fugir do luto causa ansiedade, confusão e depressão. Se a pessoa enlutada receber pouco ou nenhum reconhecimento social para sua dor, poderá temer que seus pensamentos e sentimentos sejam anormais, o que nem sempre ocorro. (Maria Helena Pereira Franco- Psicóloga - Especialista em situações de perda e luto)
A dor expressa em lágrimas é um sinal de fraqueza?
Muitas vezes, as lágrimas devidas a uma perda são associadas a fraqueza e inadequação pessoal. O pior que o enlutado pode fazer é permitir que este julgamento o impeça de se expressar dessa maneira. Enquanto suas lágrimas podem ocasionar um sentimento de impotência nos amigos, família e cuidadores, é preciso que ele cuide para não se deixar inibir por eles. É possível que a pessoa que está preocupada com o enlutado tente, mesmo que de maneira sutil, por desejo de protegê-lo, evitar que ele chore, para protegê-lo e a si mesma, da dor da perda. Ouvem-se frases como: "As lágrimas não o trarão de volta" ou "Ele não gostaria de vê-lo chorar". No entanto, chorar é uma maneira natural de aliviar a tensão interna e permite que seja comunicada a necessidade de ser confortado. (Maria Helena Pereira Franco- Psicóloga - Especialista em situações de perda e luto)
Reflexão sobre a morte – por Pedro Bial
Uma excelente reflexão sobre a morte...
Leia com calma e reflita bastante.
Assisti a algumas imagens do velório do
Bussunda, quando os colegas do Casseta & Planeta deram seus depoimentos.
Parecia que a qualquer instante iria estourar uma piada. Estava tudo sério
demais, faltava a esculhambação, a zombaria, a desestruturação da cena.
Mas nada acontecia ali de risível, era
só dor e perplexidade, que é mesmo o que e causa em todos os que ficam. A
verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é
uma piada pronta.
Morrer é ridículo. Você combinou de
jantar com a namorada,está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana
que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro
e no meio da tarde morre.
Como assim? E os e-mails que você ainda
não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à
tardinha para um cliente? Não sei de onde tiraram esta idéia: morrer. A troco
do que?
Você passou mais de 10 anos da sua vida
dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada,
mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação
física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir
para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da
vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir,
então decidiu, e mais uma vez foi em frente...
De uma hora pra outra, tudo isso termina
numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um
delinqüente que gostou do seu tênis. Qual é? Morrer é um chiste.
Obriga você a sair no melhor da festa
sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter
tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas
camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também
algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas
suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.
Logo você, que sempre dizia: das minhas
coisas cuido eu. Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não
almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a
falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma
dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas , mulheres e morre num
sábado de manhã. Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo
jeito.
Isso é para ser levado a sério? Tendo
mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há
mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia,
sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok.... Hora de descansar em
paz.
Mas antes de viver tudo, antes de viver
até a rapa? Não se faz. Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural
das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima
das piadas. Só que esta não tem graça.
Por isso viva tudo que há para viver.
Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da Vida... Perdoe....sempre!!
Perdoe....sempre!!
Perdoe....sempre!!
Perdoe....sempre!!
Curiosidade: História do Dia dos Finados
O Dia de Finados é o dia da celebração da vida eterna das pessoas
queridas que já faleceram. É o Dia do Amor, porque amar é sentir que o outro
não morrerá nunca.
Desde o século 1º, os cristãos rezavam pelos falecidos; costumando
visitar os túmulos dos mártires nas catacumbas para rezar pelos que morreram
sem martírio. No século 4º, já encontramos a Memória dos Mortos na celebração
da missa. Desde o século 5º, a Igreja dedica um dia por ano para rezar por
todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém se lembrava. Desde
o século XI, os Papas Silvestre II (1009), João XVIII (1009) e Leão IX (1015)
obrigam a comunidade a dedicar um dia por ano aos mortos. Desde
o século XIII, esse dia anual por todos os mortos é comemorado no dia 2 de
novembro, porque no dia 1º de novembro é a festa de "Todos os
Santos". O Dia de Todos os Santos celebra todos os que morreram em estado
de graça e não foram canonizados. O Dia de Todos os Mortos celebra todos os que
morreram e não são lembrados na oração.
A morte - vídeo para rir e pensar
(Nilton Pinto e Tom Carvalho )
Nenhum comentário:
Postar um comentário